Palavras-chaves da nova economia

O século XXI está a revelar-se como todos já prevíramos: complexo, imprevisível e ambíguo. E, por isso, todos necessitamos de estar preparados para novos desafios pessoais, sociais e profissionais decorrentes das grandes mudanças que estamos a assistir. Já não há lugar para hesitações. O risco é uma constante. A única boa defesa é estarmos preparados. E isto implica inteligência, flexibilidade, actualização permanente, ampliação de conhecimentos.
Viver na wikinomia exige que nos centremos num conjunto de saberes que, não sendo totalmente novos, assumem uma importância cada vez mais relevante. São esses saberes que aqui vou arrumando. Que sirvam de inspiração para os interessados.
Auto-confiança
Acreditar em si mesmo, construir uma auto-estima saudável, não ter medo de aniscar (ter coragem), ser inovador e original e gostar daquilo que se faz gera auto-confiança. Os ingredientes secretos da auto-confiança são a energia mental, a motivação e a força de vontade.
Capacidade de concretização
Envolve persistência, sonhos, visões, saber planear e controlar as situações. Diz respeito à aptidão para passar à prática ideias e projectos com êxito e saber errar e perder, aprendendo com a experiência (ver Inteligência de Sucesso).

Capacidade de comunicação
É uma das grandes qualidades dos líderes e das pessoas carismáticas: saber ouvir e saber dizer. Envolve a capacidade de inspirar paixão, sentimentos, emoção e entusiasmo. Inclui também o sentido de humor oportuno pois, sempre que utilizado com precaução, melhora a comunicação.
Carisma
O carisma é uma palavra que descreve as qualidades, o comportamento e as atitudes de alguém e está relacionado com uma série de atributos onde a capacidade de liderança ocupa um lugar de destaque.Tony Buzan, autor de diversas obras sobre inteligência, refere que a principal caracteristica do carisma é a energia que permite à pessoa ter uma visão, uma missão, quaisquer espécies de objectivos ou finalidades e saber transmiti-las aos outros de tal modo que eles aderem com entusiasmo ao que lhes for proposto.
Na mesma linha de raciocínio, outro autor, Peter Sharpe, diz que o carisma é a capacidade de fazer as pessoas ouvir o que dizemos de tal forma que elas “animam-se com o que estamos a dizer, ouvem o que estamos a dizer e, o que é mais importante, actuam de acordo com o que estamos a dizer da forma que queríamos que actuassem". Pessoas carismáticas? Pois apontam-se geralmente nomes como Nelson Mandela, Martin Luther King, John Kennedy, Gandhy e muitos outros.
As personalidades carismáticas são, em regra, pessoas activas, peremptórias, enérgicas e apaixonadas por aquilo que fazem. Possuem uma série de características tais como: presença; confiança, energia e entusiasmo; autodeterminação; convicções fortes; tendência para dominar; uma forte necessidade de influenciar os outros; capacidade para sentir, intuitivamente, o que os outros sentem; uma natureza extrovertida; perspicácia.
Por vezes, possuem também, características fisicas atraentes, uma voz dominante e inesquecível, olhar hipnótico ou que prende e uma "aura" muito pessoal.
Charme
O charme é feito de mistério e enigmas. As pessoas carismáticas são reservadas quanto baste para conservarem algum mistério à sua volta. Na verdade, para além de enérgicas, intrigantes e excitantes, as pessoas com carisma são geralmente enigmáticas e misteriosas pois o seu estatuto, o poder e a posição que ocupam - e até a sua cultura, a sua sabedoria e talento - estão além da vulgaridade (ver Carisma e Visibilidade).
Criatividade
No futuro só as pessoas criativas terão sucesso. A competitividade de que as empresas necesstam está a obrigá-las a recrutarem pessoas criativas capazes de inovarem. Ser criativo é estar aberto à curiosidade, ao que é diferente e original. Ser criativo é procurar soluções novas para os velhos problemas, é ter o espírito de explorador que a cada passo descobre novos caminhos. A criatividade aprende-se, treina-se e alimenta-se de curiosidade. Só as mentes abertas podem ser muito criativas. (Ver Trabalhador do século XXI).
Empresas e empregos
Grandes empresas, cujos tentáculos se estenderão por todo o mundo, marcam já a economia actual mas, no futuro, poderão tomar-se ainda mais poderosas. Em contrapartida, microempresas e profissões liberais, assumirão um papel cada vez preponderante, sendo de destacar uma cada vez maior especialização.
A forma como as empresas estarão organizadas tenderá a ser diferente da de hoje. Mais flexíveis, mais rápidas a decidir e a inovar, as empresas requerirão técnicos altamente especializados e dispostos a mudar de local de trabalho. Os empregos estáveis e no mesmo posto deixarão de existir a breve prazo. Entraremos na era do “capitalismo flexível” (nos últimos anos, em Portugal, mais de 1 milhão de tralhadores mudaram de actividade profissional!).
Segundo alguns estudos, prevê-se que a meio da vida as pessoas exercerão uma profissão totalmente diferente devido a um fenómeno conhecido como “degradação de conhecimentos “.
É altamente provável que as pessoas mudem de emprego cerca de 10 vezes ao longo da sua carreira. Ou seja, cada vez mais os jovens entrarão na universidade para não mais sair dela. Terão de manter-se constantemente em cursos de aprefeiçoamemto, de especialização e de aprofundamento para poderem manter-se actualizados e ... com trabalho.
No que se refere às saídas profissionais devemos estar alertas para o facto de diversos estudos apontarem para o desaparecimento de muitas actividades. Cerca de 80% das profissões hoje reconhecidas já não terão razão de existir dentro de 20 anos. Novas profissões, entretanto, farão a sua aparição, o que forçará as universidades a criarem novos cursos, talvez ainda dificeis de especificar. O aumento de cursos de pós-graduação e de especialização é inevitável. As pessoas com menos de 50 anos de idade terão de habituar-se à ideia de que voltarão mais cedo ou mais tarde à escola, mesmo que seja através da internet ou de outros meios (ver Sociedade do Futuro e Ensino).
Ensino
O ensino actual sofrerá então profundas modificações. A escola oriunda da era industrial será ultrapassada por novos modelos alternativos, mais eficazes e criativos. Segundo o jornalista e futurólogo Alvin Toffier, essa transformação passará por três objectivos: transformar a estrutura organizacional do ensino, revolucionar o seu curriculum e encorajar uma orientação mais voltada para o futuro. A escola estará mais perto da comunidade e cada vez mais aulas serão realizadas fora de portas (em empresas, museus, etc).
Os professores serão também obrigados a transformar-se, mudando de atitude relativamente ao exercício de ensinar. Os professores têm de aprender a ver cada aluno como um todo singular onde se escondem, por vezes, potencialidades incríveis. Têm de ser criativos e inovadores para serem capazes de libertar também o espírito criativo dos alunos. Os professores devem assumir-se como autênticos agitadores das mentalidades, lutando contra o conservadorismo, o conformismo, o cinzentismo e o comodismo que a educação familiar tantas vezes provoca nos mais novos. A escola do futuro será unia escola onde se aprenderá a pensar, a filosofar e a criar (ver Pensar).
Estilo
Descreve a forma como as pessoas fazem as coisas. É uma questão de excelência e superioridade de realização. As bases do estilo são a curiosidade e a criatividade.
Espírito de curiosidade
Maximizar a eficácia e optimizar os talentos e aptidões deverá ser uma preocupação das pessoas que trabalham. Só os melhores poderão aspirar a um lugar de destaque. Os menos bons ficarão pelo caminho ou, na melhor das hipóteses, terão de pensar numa actividade profissional alternativa e eventualmente menos interessante para as suas ambições.
O conhecimento e a informação são cada vez mais importantes instrumentos de acção. Pela aprendizagem é possível alargar-se os horizontes e ambicionar uma carreira promissora numa actividade socialmente reconhecida.
O psicólogo Robert K. Cooper defende que as pessoas podem maximizar as suas aptidões mentais (inteligência, criatividade, cálculo, etc), através de um esforço constante de flexibilização psicológica e de aquisição de novas informações e aptidões.
Um dos factores mais importantes do sentido crítico é a curiosidade intelectual, a qual envolve um estilo próprio de abordar os problemas da vida quotidiana. “O pensador crítico questiona e analisa as coisas não porque alguém exige que ele o faça, mas porque, no fundo, ele tem um desejo de compreender, um interesse em descobrir, por si mesmo, as respostas a interrogações nascidas do contacto com as pessoas e as coisas.” - acentua o professor David Carraher (ver Sentido Crítico). Esse esforço passa por uma série de estratégias, a saber:
-manter uma atitude criativa face às aprendizagens, à escola e ao trabalho;
-manter-se curioso, atento ao mundo e à sua evolução;
-não agarrar-se a certezas aboslutas;
-admitir o erro como forma de progresso e avanço;
-ser guiado por metas e não ser governado por elas;
-ampliar os seus conhecimentos;
-exercitar a imaginação até aos limites do absurdo para divertir o espírito e flexibilizar a mente criadora;
-alterar rotinas e hábitos que não se justifiquem;
-exercitar a concentração (ver http://www.neurofitness.info/);
-praticar regularmente desporto;
-aprender a relaxar e a meditar;
-alimentar-se inteligentemente com equilíbrio.
Inteligência de Sucesso
Tipo de inteligência que se traduz pela capacidade de analisar, de criar e de executar. Mas ser inteligente é também saber adaptar-se às situações e procurar as melhores soluções para os desafios. Por isso também hoje se admite que a inteligência pode ser social, emocional, linguística, visuo-espacial, naturalista, corporal-cinestésica, musical e lógico-matemática.A inteligência pode ser treinada e desenvolvida. Existem exercícios chamados de “neurofitness” que ajudam a ampliá-la (ver http://www.neurofitness.info/).
Metacompetências
Conjunto de aptidões onde se destacam a habilidade de pensar, a criatividade, o sentido crítico, a inteligência de sucesso e outras faculdades.
Pensar
O mundo está a exigir cada vez mais pessoas que saibam pensar, reflectir e raciocinar em profundidade. Só a pessoa que sabe verdadeiramente dominar a arte de pensar pode sentir-se livre. É através do pensamento que nós organizamos a realidade que nos cerca e somos também capazes de criar realidades alternativas. O pensamento é assim uma espécie de linguagem da mente. É através dele que solucionamos problemas, desde os mais simples aos mais complexos.
Usa-se o pensamento para imaginar, prever, julgar, propor, avaliar, calcular, classificar, conhecer, examinar, meditar, planear, rever, sugerir, etc. O pensamento enriquece-se através da aprendizagem e da experiência. Ler, escrever e conversar são formas de exercitar o pensamento. As pessoas que desenvolvem a arte de pensar podem aspirar a melhores empregos e beneficios pois estarão mais aptas a resolver problemas.
Sentido Crítico
Um das áreas que devem ser estimuladas nos jovens é o sentido crítico - uma aptidão relacionada com o que o filósofo grego Aristóteles chamava de “juizo” e que ele dizia ser “uma das faculdades da alma, obra do pensamento e da sensação”. Entende-se que um indivíduo dotado de sentido crítico “é aquele que possui a capacidade de analisar e discutir problemas inteligente e racionalmente, sem aceitar, de forma automática, as suas próprias opiniões ou opiniões alheias.” - escreve o professor de psicologia David Carraher.
O sentido crítico pode também ser definido como “um processo de formação de uma opinião ou conclusão baseada em informação acerca de uma situação e, idealmente, chegar a uma conclusão que pondera e reconhece os elementos importantes do tema” - dizem os psiquiatras Paula Trzepacz e Robert Baker.
O sentido crítico resulta de uma conjugação de factores relacionados não só com a inteligência mas também com a personalidade, o humor, capacidades cognitivas diversas e circunstências da vida, podendo ser afectado por factores culturais e sociais. Mas a sua relação com a inteligência é muito grande. De tal forma que as pessoas com défices e atrasos mentais, não sendo geralmente capazes de pensamentos abstractos, apresentam uma capacidade muito limitada de formular juizos.
As características da pessoa com sentido crítico são as seguintes:
-alta habilidade para pensar criticamente e lógicamente;
-uma atitude de constante curiosidade intelectual;
-crítica de si mesmo e dos outros;
-gosta de investigar e fazer muitas perguntas;
-entende com facilidade princípios gerais;
-não é propensa a aceitar afirmações, respostas e avaliações superficiais;
-revela habilidade na compreensão da estrutura de argumentos em linguagem natural;
-é capaz de fazer a distinção entre questões de facto, de valor e questões conceituais;
-mostra habilidade para penetrar até ao cerne de uma discussão ou debate;
-tem geralmente um sentido de humor desenvolvido (ver Pensar).
Sentido de Visão
“Ver” aquilo que quer atingir, ter um grande objectivo na vida e saber orientar-se pelas suas próprias convicções representam a visão. Exige perspicácia imaginativa e capacidade de criação e realização. Implica um bom auto-conhecimento, a identificação dos seus valores e crenças pessoais e ter um sentido de missão em tudo o que fizer. São as pessoas de visão que criam as inovações e provocam as mudanças na sociedade, nos negócios, na ciência, na tecnologia.
Sociedade do Futuro
Ninguém mais duvida que a sociedade do futuro será cada vez mais complexa e ambígua. A sociedade está a mudar muito rapidamente. As grandes tendências de fundo, que estão a mudar o mundo podem ser assim divididas:
Tendências económicas e geopolíticas:
- Interconectividade mundial (o mundo já é uma aldeia global, intensificam-se as relações;);
- Interconexão cultural (a nível cultural há cada vez maior proximidade entre culturas diferentes);
- Megametrópoles (Singapura, Hong Kong.. . as cidades continuam a crescer);
- Liberalismo económico (o capitalismo tende para o liberalismo e uma maior concorrência);
- Grande poder dos governos (face às ameaças do terrorismo, os governos ganham mais força);
- Balcanização dos Estados (muitos territórios aspiram à independência);
- Megaempresas (empresas multinacionais mais poderosas que muitos governos nacionais);
- Babelização (a proliferação de linguas nacionais e de dialectos locais).
Tendências tecnológicas:
- Obsolescência instantânea (os produtos “envelhecem” cada vez mais rapidamente);
- Interconectividade constante (a tecnologia desenvolve-se através de parcerias);
- Nanotecnologia, nutrição, farmacologia (esperam-se grandes evoluções nestas áreas);
- Micronização (a tecnologia tende para a miniaturização dos aparelhos e das máquinas).
Sociedade:
- Politeísmo (tendência para a crença em novas religiões e novos líderes espirituais);
- Novas tribos universais (grupos organizados a nível mundial em defesa de interesses tais como a organização não governamental de defesa ecológica “Green Peace”);
- Cepticismo (a população mundial, perante os múltiplos perigos que a rodeiam ao nível da segurança e do rumo da economia - desemprego, precaridade do trabalho,etc - tende a manter-se céptica perante os governos e as empresas;
- Paradoxos consumistas (o consumidor revela-se cada vez ambíguo nas suas preferências e escolhas);
- Superpopulação (somos mais de 6 biliões, seremos 10 biliões antes de 2050);
- Contacto permanente (a internet e o telemóvel permitem que a todo o instante as pessoas estejam relacionadas entre si).
Consumidor:
- Prematuridade (cada vez mais cedo as pessoas se assumem como consumidoras e clientes de muitos produtos e serviços);
- Insatisfação permanente (a grande diversidade de produtos e serviços ao dispor das pessoas geram insatisfação a todo o instante e a vontade de adquirir novas coisas);
- Alheamento perante as empresas (as empresas já não são o prolongamento da família mas simples locais de trabalho);
- Procura da autenticidade (as pessoas procuram serviços e produtos que lhes consolidem um certo estilo de vida, uma personalidade única);
- Sempre online (sempre em contacto com a família, os amigos e o trabalho através da intemet e dos telemóveis);
- Compre agora, pague nunca (as comprar a crédito, os sistemas de aluguer e de troca, fazem com que um número crescente de produtos nunca cheguem a ser propriedade do cliente);
-Upscale do consumo (o consumo cresce a todos os níveis);
- Obesidade (ricos ou pobres todos parecem engordar com as novas comidas industriais);
Emprego/Local de trabalho:
- Multirracial (as emigrações conduzem a empresas onde trabalhadores de diferentes nacionalidades e raças se misturam e trabalham em conjunto);
- Multiplicidade de profissões (cresce a variedade de especialidades e profissões);
- Desmotivação para o trabalho (o trabalho, reduzido à obtenção de um salário, tende a desinteressar e a desmotivar);
- CEO Superstars (os presidentes das grandes empresas tomam-se muito conhecidos e actuam como verdadeiras “estrelas” nos media;
- Gestão mercenária (os melhores gestores são como os treinadores de futebol saltando de uma empresa para outra em função do seu potencial e ganhando somas milionárias);
- Trabalho 24 horas! 7 dias por semanal 365 dias (cada vez mais aumenta o número de empresas e serviços que trabalham ininterruptamente; muitos gestores estão quase sempre on une com a empresa e os seus negócios);
- Obsolescência rápida de conhecimentos (os conhecimentos académicos estão a perder rapidamente actualidade devido ao avanço da ciência e das descobertas);
- Necessidade de reaprendizagem constante (já não chega concluir um curso; temos de nos manter em permanente formação para estarmos actualizados);
- Teletrabalho (trabalho através da intranet e da internet).
Talento
Habilidade inata para determinadas formas de arte como pintar, desenhar, compor música, representar, discursar, etc. O talento pode ser desenvolvido através da aprendizagem de técnicas e o desenvolvimento de habilidades que ajudarão a alcançar níveis de excelência. Geralmente é necessária a inscrição em escolas especializadas (escolas de música, de teatro, de pintura, de desporto, etc) para o desenvolvimento de certos talentos.
Trabalhador do século XXI
Vivemos num mundo diferente do da Era Fabril. Agora a sociedade do conhecimento e da informação exige trabalhadores mais competitivos e adaptáveis.
O consultor de recursos humanos Eugénio Mussak sugere que os trabalhadores e gestores do novo século devam possuir bemm consolidadas as seguintes aptidões e competências:
- flexibilidade para se adaptar às mudanças e alterações que o mundo do trabalho exige;
- criatividade para poderem ser inventivos e inovadores;
- informação permanente para se manterem actualizados;
- habilidades de comunicação;
- grande sentido de responsabilidade;
- espírito empreendedor, com grande capacidade de iniciativa;
- habilidade para serem sociáveis e saberem adaptar-se a diferentes tipos de pessoas e culturas.