Case study: como a P&G entrou na wikinomia!

A.G.Lafley, CEO da Procter & Gamble (P&G), empresa de produtos de consumo, numa referência à Wikinomia, confessa que, actualmente, nenhuma empresa, por muito grande e global que seja, consegue, isoladamente, inovar com rapidez ou dimensão suficiente. Diz ele: "A colaboração, externamente junto de consumidores e clientes, fornecedores e parceiros de negócio e, internamente, superando as fronteiras empresariais e organizacionais, é fundamental".
O bom exemplo da Procter & Gamble aparece descrito por Don Tapscott e Anthony D Williams na nova bíblia dos negócios: a Wikinomics. E bem o merece pois está entre as pioneiras de processos que se encaixam na nova economia orquestrada pelo mundo fervilhante da web.
Tudo começa quando se declara que talvez você possa trabalhar na P&G a partir de sua casa. Basta inscrever-se na rede InnoCentive e juntar-se aos cerca de 90 mil cientistas que, por todo o mundo, colaboram com ideias, sugestões e pesquisas (a P&G e muitas outras empresas observam atentamente sites como aquele em busca de mentes talentosas que possam contribuir com novos valores para os seus mercados).
Foi nos finais da década de 90, que a P&G reparou que, embora estivesse a gastar 1500 milhões de dólares em I&D produzindo muitas patentes, aproveitava menos de 10% nos seus próprios produtos. Um gasto exorbitante, um desperdício de esforço e dinheiro! (a P&G tem registadas, só nos EUA, mais de 27 mil patentes).Foi a partir daí que tudo mudou. O já então presidente-executivo A.J.Lafley tomou a decisão de mudar de filosofia.
Na actualidade, a P&G disponibiliza todas as suas patentes para licenciamento externo desde que já existam há pelo menos cinco anos ou sejam usadas num produto P&G há pelo menos três. Aos seus 9 mil investigadores, a empresa ligou cientistas de todo o mundo que podem propor ideias e projectos. Na verdade - lê-se no Wikinomics - "a empresa percorre o globo em busca de produtos e tecnologias com provas dadas que podem melhorar, fazer subir de nível e comercializar, quer individualmente, quer através da sua rede de negócios".
Segundo um artigo da Harvard Business Review (vol.84, nº3, Março/2006), mais de 35% dos novos produtos da P&G no mercado contêm elementos que tiveram a sua origem no exterior, o que representa mais do que os 15% que a empresa tinha em 2000. E 45% das iniciativas da sua carteira de desenvolvimernto de produtos contêm elementos fundamentais que foram descobertos externamente.
A dada altura, a produtividade de I&D aumentou em quase 60% tendo a taxa de sucesso na inovação quase duplicado ao mesmo tempo que os custos exigidos diminuiram!
Exemplo do bom proveito da nova filosofia da empresa está patente no facto de, entre 2004 e 2006, ter lançado 100 novos produtos para os quais um qualquer aspecto da execução é externo. Assim, para a P&D "o mundo é o seu departamento de I&D".
Ao contrário da maioria das empresas (90%) que cria e guarda internamente as suas ideias, a P&G tem o seu departamento de I&D em conexão com pessoas e conhecimentos externos, com os quais actua intensamente.
De acordo com os autores de Wikinomics, "as empresas deveriam repensar fundamentalmente o modelo de invenção e erigir um novo modelo baseado no intercâmbio fluido de ideias e capital humano". Porque, afinal, milhões de pessoas em todo o mundo estão interligadas através de um verdadeiro software aberto, de uma ligação social em rede (crowdsourcing), multidões inteligentes com saberes e ideias as mais diversas e proveitosas. Toda esta infosfera de fácil acesso está a promover uma profunda revolução nas formas de trabalho e nos modos de funcionamento das empresas baseados em novos princípios competitivos tais como a abertura, o trabalho com os pares (peering), partilha e acção global.